Integrada nas Jornadas Europeias do Património, que têm lugar entre sexta-feira e domingo, os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS de Sintra) promovem este sábado, dia 25 de setembro, a iniciativa “Rota da Água”, um percurso pelo património hídrico sintrense.

Inserida no projeto “Trilhos de Água”, que decorreu ao longo dos meses de agosto e setembro, a atividade inclui a visita à Mina da Volta do Duche, assim como a minas e nascentes da Serra de Sintra, para além da deslocação aos reservatórios da Quinta Velha, dos Capuchos, da Azóia e de Casas Novas. Este percurso pelo património hídrico sintrense é complementado por animação histórica, na Mina da Volta do Duche e junto ao Reservatório dos Capuchos.

Nascente da Volta do Duche

Na Volta do Duche, nas imediações do centro histórico Património Mundial, os participantes vão tomar contacto com uma nascente de onde emergem águas subterrâneas, que acabou por ser desativada em 2013, devido a alterações na qualidade microbiológica, mas que chegou a abastecer os principais núcleos habitacionais da Vila de Sintra e, após meados da década de 70, a Ribeira de Sintra e a área entre Galamares e Eugaria.

A designação de Volta do Duche deve-se à existência, naquele local, de banhos públicos, fundados em 1848 pelo Dr. Bernardino Egídio da Silveira e Castro, médico homeopata, e que terão encerrado a sua atividade em 1908. Segundo José Alfredo da Costa Azevedo (acérrimo defensor do património sintrense), “… era um estabelecimento muito modesto, pois tinha apenas duas piscinas com cerca de 5 metros x 4, e de quatro compartimentos com quatro banheiras, revestidos de tabiques de madeira”. Os banhos públicos foram ali instalados, segundo José Alfredo, “porque o local era o mais propício para tal”.

Após passagem pelo Reservatório da Quinta Velha, uma unidade constituída por uma pequena célula de 50 m³, os visitantes deslocam-se ao Reservatório dos Capuchos, cuja construção remonta a 1888, constituído por uma célula de 1500 m³, e que conta com diferentes fontes de abastecimento, incluindo as minas da Queimada Alta e Encosta do Sol que constituem o ponto seguinte de visita.

Queimada Alta

Este grupo de nascentes, onde se integra ainda a da Queimada Baixa, ostentam a referência “CM de Sintra – P.A. Chaves – 1887”, em alusão a Paulo de Azevedo Chaves, o particular a quem a administração municipal recorreu, no final do século XIX, para resolver o problema do abastecimento de água à Vila de Sintra. A falta de água e o incumprimento das obrigações do concessionário levou à rescisão do contrato, por parte da Câmara de Sintra, na década de 20, com o abastecimento de água a ser assumido pela Companhia das Águas de Sintra.

Mantendo-se a situação deficitária, a autarquia sintrense acabou por resgatar a concessão do fornecimento de água em maio de 1946, data da criação dos SMAS de Sintra que, volvidos 75 anos, são responsáveis por um sistema constituído por mais de 1.700 km de condutas e 53 reservatórios.

O percurso pelo património hídrico sintrense termina com a visita à Azóia e a Casas Novas, neste caso o último reservatório construído pelos SMAS de Sintra, que entrou em funcionamento em final de 2020 e garante o abastecimento de água a 5.500 habitantes das localidades de Penedo, Casas Novas, Azóia, Atalaia e Ulgueira, sendo constituído por duas células (com capacidade de 1500 m³/cada).

Com inscrições esgotadas, limitadas a 16 participantes, de acordo com as recomendações de distanciamento social, a “Rota da Água” teve uma primeira atividade no dia 21 de agosto e este sábado, inserido nas Jornadas Europeias do Património, constitui um novo roteiro pela evolução do sistema de abastecimento de água do concelho de Sintra.

Atualizado a 23/09/2021