Porque os resíduos de plástico são um dos principais inimigos dos ecossistemas marinhos, são inúmeras as campanhas de sensibilização para os efeitos nefastos do descarte destes materiais. Em 2020, “The Trash Traveler” (“O Viajante do Lixo”), Andreas Noe, recolheu cerca de 1,6 toneladas de plástico, no âmbito do seu projeto “The Plastic Hike”, em que percorreu 1.132 quilómetros a pé ao longo da costa portuguesa, do Minho ao Algarve. Com os resíduos recolhidos, foram construídas 27 peças de arte, uma das quais, da autoria de Wilson Alexandre, pode agora ser vista em frente ao Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, até ao próximo dia 15 de outubro. Após essa data, a “Onda de lixo/peixe” poderá ser visualizada no espaço envolvente da Oficina da Ciência, na Ribeira de Sintra, um polo de divulgação científica e tecnológica que passou, recentemente, para a gestão dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra).
Com 10 metros de comprimento, por 3 metros de largura e 2 metros de altura, a peça “Onda de lixo/peixe” é composta por garrafas de plástico e outros resíduos, como materiais associados a artes de pesca, que foram recolhidos em ações de limpeza costeira. De norte a sul do país, estão patentes as diversas obras de arte, executadas com resíduos, dando forma à Exposição “The Plastic Hike”. Junto a cada peça de arte, é lançado o desafio para que cada um de nós, que se deixe inspirar pelas diferentes obras, repense os seus hábitos de consumo e estilos de vida. “Recusa plástico descartável. Reduz o uso de embalagens. Reutiliza o máximo possível e evita comprar novo” são os apelos deixados pelos artistas, que alertam que, todos os anos, mais de 8 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos. “Já foram encontrados microplásticos na nossa água potável, comida e ainda em placentas humanas”, alertam. Como refere Andreas Noe, “ainda que tenham sido recolhidas 1,6 toneladas de lixo, o foco não é a limpeza! O objetivo principal é o de mudar hábitos e reduzir a utilização de plástico descartável tanto quanto possível e focarmo-nos numa Economia Circular”.
A peça “Onda de lixo/peixe” está exposta junto ao Centro Cultural Olga Cadaval, no âmbito da exibição do documentário “Plastic Hike” que terá lugar esta terça-feira, dia 12 de outubro, entre as 18h30 e as 20h30, com a presença de Andreas Noe. O documentário, com a duração de 90 minutos, retrata a caminhada realizada em 2020 e procura também contribuir para que sejam encontradas soluções para esta problemática. Com entrada livre, o acesso à sessão de visualização do documentário implica inscrição obrigatória: https://ticketline.sapo.pt/evento/the-plastic-hike-58501.
Sempre acompanhado pelo seu ukelele, instrumento musical de cordas originário do Havai, este biólogo alemão tem alertado para o flagelo da poluição dos oceanos e, este ano, encetou nova empreitada: “A Caminhada das Beatas”. No âmbito desta iniciativa, Andreas Noe percorreu o país, de norte a sul, de Viana do Castelo até Tavira, com o objetivo de sensibilizar para os malefícios ambientais do abandono das pontas de cigarro no espaço público. A caminhada passou pelo concelho de Sintra, no dia 4 de setembro, e traduziu-se pela recolha de 12 mil beatas no Cabo da Roca. Também neste caso, a par da limpeza dos locais, “O Viajante do Lixo” quer alertar que estes resíduos, após a desintoxicação dos mesmos e por conterem principalmente plástico, podem ser transformados em novos produtos, dando forma ao conceito da Economia Circular.
Quando descartados no espaço público, diversos resíduos, como embalagens descartáveis, pontas de cigarros, copos de plástico e outros objetos de pequena dimensão, podem acabar nas linhas de água, como ribeiras e rios, e muitas vezes no mar, provocando a sua contaminação e colocando em risco a vida marinha. Para alertar para estes efeitos nefastos, os SMAS de Sintra desenvolvem, em parceria com a Câmara Municipal, o projeto “O que Cai ao Chão Cai ao Mar”, que consiste na pintura deste slogan nas sarjetas e sumidouros que têm como função a recolha e escoamento das águas pluviais, procurando sensibilizar para os riscos de contaminação das linhas de água e das consequências na cadeia alimentar dos animais marinhos.