O Espaço SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra) da Ribeira de Sintra foi palco, na passada segunda-feira (12 de dezembro), do seminário “Fogo Frio: Prevenir o incêndio usando o fogo”, no âmbito da exposição com o mesmo nome que se encontra ali patente até ao final do ano.
O seminário contou com a participação de investigadores, entre os quais Miguel Bugalho (coordenador científico da unidade de investigação do Instituto Superior de Agronomia) e Maria Conceição Colaço, autora da exposição, e de operacionais de corporações de bombeiros, como Joaquim Leonardo (comandante de Algueirão-Mem Martins) e Luís Ramos (2.º comandante de Almoçageme), que abordaram as potencialidades de queimar vegetação durante o Inverno para diminuir a intensidade dos incêndios rurais.
O exemplo do concelho de Mafra, através da intervenção de Carlos Trindade (Proteção Civil Municipal); a utilização de robótica no apoio ao fogo controlado, por José Barata (professor no Departamento de Engenharia Eletrotécnica da Universidade Nova de Lisboa); e as intervenções de gestão de combustíveis nas áreas de regime florestal da Área Metropolitana de Lisboa e os planos aprovados de fogo controlado foram revelados por Pedro Carrilho, em representação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Patente até ao final do ano, a exposição “Fogo Frio: Prevenir o incêndio usando o fogo” coloca a ciência ao serviço da prevenção de incêndios e resulta de uma parceria entre os SMAS de Sintra e o Instituto Superior de Agronomia (ISA), com conceitos elaborados pela investigadora Maria Conceição Colaço, do Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” (unidade de investigação do ISA).
A mostra evidencia que queimas, queimadas e renovação de pastagens são práticas tradicionais bem conhecidas dos agricultores, que, no entanto, envolvem riscos se forem mal executadas. Se a estas ações ancestrais se aliar a ciência, através de especialistas em floresta e fogo, estamos perante a prática do fogo controlado. Em “Fogo Frio”, uma exposição-jogo para todas as idades, procura-se explorar o comportamento do fogo, demonstrar a influência da vegetação e da meteorologia, bem como conhecer as regras de segurança para que a prática seja realizada com o máximo de segurança, tendo ainda como contexto as alterações climáticas. Uma realidade com contornos bem conhecidos no nosso país, em que anos muitos secos, com ondas de calor e muito vento podem originar eventos catastróficos como ocorreram em 2003, 2005, 2017 e 2022.
Na abertura do seminário, o vice-presidente da Câmara de Sintra e responsável pelo pelouro da Proteção Civil Municipal, Bruno Parreira, destacou a pertinência da temática em reflexão e enalteceu a disponibilidade dos investigadores para partilharem os seus conhecimentos numa área tão essencial como a da prevenção dos incêndios. “A ciência ajuda-nos sempre no melhor dos caminhos”, salientou o vereador, para quem “só de mãos dadas com o conhecimento científico, poderemos avançar no sentido do que pretendemos: preservação de pessoas e bens, como o coberto vegetal, um bem absolutamente inestimável”. Embora assumindo que o fogo controlado não é uma prática unânime, nomeadamente em áreas sensíveis em termos ambientais e patrimoniais, Bruno Parreira admitiu que “em alguns locais do nosso território, o fogo frio poderia evitar algumas aflições”. A abertura do seminário contou ainda com a presença do diretor delegado dos SMAS de Sintra, Carlos Vieira, que enunciou o trabalho desenvolvido no Espaço SMAS da Ribeira de Sintra na área da educação e sensibilização ambiental, que será reforçado em 2023 com a criação do Museu da Água e Resíduos, “e constituirá, certamente, um novo polo de atração em Sintra”.
Para além de representantes de diferentes entidades ligadas à gestão da floresta e de corporações de bombeiros, o seminário “Fogo Frio. Prevenir o incêndio usando o fogo” contou com a presença de mais de duas dezenas de alunos do curso de Técnico de Proteção Civil da Escola Profissional Alda Brandão de Vasconcelos.
Recorde-se que a exposição da autoria da unidade de investigação do Instituto Superior de Agronomia pode ser visitada até ao final do ano, em simultâneo com outras duas exposições: “MAR-Dia Mundial dos Oceanos” e “Reciclagem e Resíduos”.
A exposição “MAR-Dia Mundial dos Oceanos” apresenta trabalhos de alunos da turma C do 6.ª ano da Escola Básica e Secundária do Alto dos Moinhos (Terrugem), subordinado ao tema MAR, no âmbito da comemoração do Dia Mundial dos Oceanos (8 de junho). A mostra desvenda, para além de desenhos de conchas, búzios e lapas, um conjunto de 20 animais marinhos executados através de reutilização de madeiras e metais, como pregos, caricas, latas, redes e anilhas, com o propósito de sensibilizar para a sustentabilidade e para a necessidade de preservação e melhoria do ambiente e do planeta.
A exposição “Reciclagem e Resíduos” é composta, por sua vez, por 15 roll-ups, estruturas concebidas integralmente por meios internos dos SMAS de Sintra, que abordam questões na área da educação e sensibilização ambiental, procurando contribuir para uma maior consciencialização dos cidadãos em relação à adoção de comportamentos ambientalmente responsáveis.
Espaço SMAS – Ribeira de Sintra
Rua Carlos de Oliveira Carvalho, n.º 9; Telefone: (+351) 219 247 730; E-mail: reservas@smas-sintra.pt.
Aberto de terça-feira a domingo (exceto feriados), das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00