“Splash – Dá um mergulho no mar de lixo!” é a nova exposição do Espaço SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra) da Ribeira de Sintra, que explora o potencial artístico de resíduos recolhidos nas praias de Sintra, ao mesmo tempo que sensibiliza para uma problemática que, cada vez mais, prolifera nas zonas balneares. Patente de 21 de maio a 24 de setembro (prolongada até 9 de outubro), a exposição combina as duas facetas de Nuno Antunes*, fotógrafo profissional e defensor do ambiente, e desvenda ao visitante a possibilidade de “dar uma nova vida” ao lixo, ao mesmo tempo que apela a uma redução da produção de resíduos.

Constituída por fotografias de grande dimensão, algumas instalações artísticas e peças utilitárias, como uma mesa e candeeiros, a exposição pretende que ninguém fique indiferente a uma realidade preocupante à escala planetária, que se traduz, por exemplo, em oito milhões de toneladas de lixo plástico que, anualmente, vão parar aos oceanos. Nuno Antunes não esconde o seu objetivo de que o visitante fique “incomodado” com o lixo espalhado pelo espaço, “com um efeito provocatório”, para retratar aquilo que se encontra na realidade. “É uma exposição provocatória, em que as fotografias criam algo artístico, mas que visa chamar a atenção de que o lixo está por todo o lado”, sublinha este fotógrafo profissional que, pela primeira vez, se lança na aventura de expor publicamente as suas preocupações de cariz ambiental.

“Quero mostrar que o lixo existe, por muito que seja camuflado e escondido, e alertar que, a este ritmo, vamos ser todos ‘engolidos’ pelos resíduos”, acrescenta o autor da exposição, que, na sequência das suas incursões pelas praias sintrenses, para conseguir as melhores fotos, se deparou com uma multiplicidade de objetos como foco de poluição. “Tenho recolhido de tudo, desde garrafas a plásticos, madeiras, bóias, redes de pesca, bidões de combustíveis, sapatos, uma grande panóplia de materiais”, acentua Nuno Antunes, que também já recolheu capacetes das obras e dos bombeiros, uma bola oficial da Liga dos Campeões e até uma banheira.

“Faço muitas fotos de paisagem, e quero encontrar os locais o mais preservados possíveis, mas a nossa zona costeira tem vindo a ficar, cada vez mais, com mais lixo”, reforça o autor da exposição, sempre à procura da melhor imagem e do melhor ângulo, que efetua as suas recolhas, tanto em praias mais frequentadas, como São Julião, Magoito, Maçãs e Grande, como em zonas mais recônditas, como a Vigia, Giribeto e Ursa. Nestes casos, de acessos bastante difíceis, a exigir um esforço extra para o transporte do lixo pelas arribas.

Apostado em produzir produtos “Made in Sintra”, com material proveniente das praias sintrenses ao sabor das marés, Nuno Antunes vai apresentar, ainda, o registo fotográfico que efetuou aquando das diferentes recolhas, “para que as pessoas percebam que o lixo foi recolhido, efetivamente, naquelas zonas costeiras”, o que se traduziu em captar “objetos insólitos” com o penedo da Praia da Ursa, as arribas da Praia do Magoito ou o areal da Praia das Maçãs no enquadramento. O visitante poderá visualizar, ainda, um vídeo que evidencia o conceito da exposição, desde a recolha dos objetos nas praias até à conceção das peças utilitárias.

Partindo da constatação de que, para além da sua retirada das zonas balneares, os objetos “deveriam ter uma segunda vida”, Nuno Antunes criou uma marca, a RECYCLE.SEA.ART, e lançou mãos ao engenho e à arte. “No meu ateliê, transformo e fabrico, artesanalmente, cada peça com o propósito do lixo virar um utensílio para uso nas nossas casas e, acima de tudo, que nos dê muito prazer”, acentua, realçando que esta atitude “é uma forma de respeito pela natureza, de aplicar princípios básicos de sustentabilidade ao nosso dia a dia, de contribuir com pequenos gestos diários para a limpeza do meio ambiente”.

Reutilizar e reciclar são, assim, palavras importantes no dicionário ambiental, mas Nuno Antunes coloca o foco em ‘reduzir’. “O primeiro passo tem de ser o de reduzir o nosso consumo, com a consequente diminuição de lixo, porque senão não há reciclagem que nos valha”, reforça o autor da exposição, que deixa o alerta de que a espécie humana está “a deixar uma pegada ecológica gigante e não há meios técnicos e humanos de eliminar o lixo produzido”. Os trabalhos apresentados no Espaço SMAS da Ribeira de Sintra são “uma maneira de alertar, de chocar e de sensibilizar” a população em geral, mas, particularmente, os mais jovens, que poderão ser a mola impulsionadora de mudanças em relação ao futuro do Planeta.

A exposição “Splash – Dá um mergulho no mar de lixo!”, que inaugura no próximo sábado, dia 21 de maio, pelas 17h00, é mais um passo de afirmação do Espaço SMAS da Ribeira de Sintra que, ainda este ano, vai dar lugar ao Museu da Água e Resíduos. Um espaço museológico que se pretende afirmar como uma referência nas áreas da educação e sensibilização ambiental e de divulgação científica e tecnológica, no âmbito do ciclo urbano da água e dos resíduos, sensibilizando a comunidade em geral para os valores da preservação do ambiente.

A exposição da autoria de Nuno Antunes, que estará patente de 21 de maio a 24 de setembro (prolongada até 9 de outubro), enquadra-se no âmbito da agenda 2030 das Nações Unidas, concretamente do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, relativo à proteção da vida marinha, que visa prevenir e reduzir a poluição marítima, especialmente a que advém de atividades terrestres.

Espaço SMAS – Ribeira de Sintra

Rua Carlos de Oliveira Carvalho, n.º 9,

Telefone: (+351) 219 247 730.

E-mail: reservas@smas-sintra.pt.

 Tarifário:

€4 – Adulto;

€3 – Cartão Jovem / Estudante;

€3 – 4 aos 17 anos;

Grátis – Criança (até 3 anos inclusive);

€3 – Sénior:

€12 – Família (2 adultos e 2 crianças até aos 17 anos);

Grátis: Munícipes de Sintra.

 

*Sobre Nuno Antunes

Fotógrafo profissional com 30 anos de experiência, formado pelo Instituto Português de Fotografia e com trabalhos publicados em Portugal, Espanha e Brasil, Nuno Antunes reside no Magoito, concelho de Sintra, onde irá apresentar a sua primeira exposição individual de caráter ambiental. Nos últimos anos, o fotógrafo tem reforçado a sua preocupação com as questões ambientais, com a recolha de lixo nas praias de Sintra, seja nas mais frequentadas, como São Julião, Magoito, Maçãs e Grande, seja nas mais recônditas, como a Vigia, Giribeto e Ursa. Para dar uma nova vida ao lixo que tem recolhido, criou a marca RECYCLE.SEA.ART (by Nuno Antunes), que se afirma como uma forma de respeito pela natureza e de aplicação dos princípios básicos da sustentabilidade.

Nascido em Lisboa em 1970, Nuno Antunes tem uma íntima ligação a Sintra, onde cofundou a agência de comunicação Revelamos, palco do seu trabalho diário, tanto em estúdio como em exterior, tendo especialização em diferentes áreas, como Artes e Design.

Nuno Antunes teve como mestre o fotógrafo Luís Filipe Oliveira, que potenciou as suas capacidades e o ajudou a desenvolver o que tinha aprendido no Instituto Português de Fotografia. Ao longo dos anos, tem participado em diversas publicações, muitas delas dedicadas a Sintra, e em projetos de temáticas muito variadas. Um dos mais acarinhados foi “Prisões, Espaços Habitados”, em que entrou nas prisões portuguesas para fotografar o seu quotidiano e do qual resultou uma exposição itinerante e um livro. Mais recentemente, participou no Livro “Lisboa Sintra, Cascais por Nuno Antunes”, uma publicação que compila algumas das mais bonitas paisagens deste triângulo turístico e cultural e onde retrata algumas das praias de Sintra onde costuma recolher lixo.

Atualizado a 29/09/2022