Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra) promoveram, no passado sábado (24 de setembro), a atividade “Rota da Água”, um percurso pelo património hídrico sintrense. A atividade incluiu a visita à Mina da Volta do Duche, assim como a minas e nascentes da Serra de Sintra, para além da deslocação aos reservatórios da Quinta Velha, dos Capuchos, da Azóia e de Casas Novas. O percurso foi complementado por animação histórica na Mina da Volta do Duche e junto ao Reservatório dos Capuchos.

Na Volta do Duche, nas imediações do centro histórico Património Mundial, os participantes tomaram contacto com uma nascente de onde emergem águas subterrâneas, que acabou por ser desativada em 2013, devido a alterações na qualidade microbiológica, mas que chegou a abastecer os principais núcleos habitacionais da Vila de Sintra e, após meados da década de 70, a Ribeira de Sintra e a área entre Galamares e Eugaria.

A designação de Volta do Duche deve-se à existência, naquele local, de banhos públicos, fundados em 1848 pelo Dr. Bernardino Egídio da Silveira e Castro, médico homeopata, e que terão encerrado a sua atividade em 1908. Segundo José Alfredo da Costa Azevedo (acérrimo defensor do património sintrense), “… era um estabelecimento muito modesto, pois tinha apenas duas piscinas com cerca de 5 metros x 4, e de quatro compartimentos com quatro banheiras, revestidos de tabiques de madeira”. Os banhos públicos foram ali instalados, segundo José Alfredo, “porque o local era o mais propício para tal”.

Após passagem pelo Reservatório da Quinta Velha, uma unidade constituída por uma pequena célula de 50 m³, os visitantes deslocaram-se ao Reservatório dos Capuchos, cuja construção remonta a 1888, constituído por uma célula de 1500 m³, e que conta com diferentes fontes de abastecimento, incluindo as minas da Queimada Alta e Encosta do Sol que constituíram o ponto seguinte de visita.

Este grupo de nascentes, onde se integra ainda a da Queimada Baixa, ostentam a referência “CM de Sintra – P.A. Chaves – 1887”, em alusão a Paulo de Azevedo Chaves, o particular a quem a administração municipal recorreu, no final do século XIX, para resolver o problema do abastecimento de água à Vila de Sintra. A falta de água e o incumprimento das obrigações do concessionário levou à rescisão do contrato, por parte da Câmara de Sintra, na década de 20, com o abastecimento de água a ser assumido pela Companhia das Águas de Sintra.

Mantendo-se a situação deficitária, a autarquia sintrense acabou por resgatar a concessão do fornecimento de água em maio de 1946, data da criação dos SMAS de Sintra que, volvidos 76 anos, são responsáveis por um sistema constituído por mais de 1.800 km de condutas e 51 reservatórios.

O percurso pelo património hídrico sintrense terminou com a visita à Azóia e a Casas Novas, neste caso o último reservatório construído pelos SMAS de Sintra, que entrou em funcionamento em final de 2020 e garante o abastecimento de água a 5.500 habitantes das localidades de Penedo, Casas Novas, Azóia, Atalaia e Ulgueira, sendo constituído por duas células.

Atualizado a 24/10/2022