“Eficiência do sistema de abastecimento de água, redução das perdas e impacto na gestão, em Sintra” foi o tema de uma comunicação apresentada no Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento (ENEG 2021) pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra), para destacar a evolução dos indicadores de redução dos valores de água não faturada que, nos últimos cinco anos, se traduziu numa diminuição em cerca de 44% e uma poupança na ordem dos 3,5 milhões de m³ de água. Em 2020, os SMAS de Sintra registaram um valor de água não faturada (incluindo as perdas físicas e comerciais) de 18,4%, o mais baixo de sempre (em contraponto com os 30,9% de 2014), mantendo-se, pelo segundo ano consecutivo, abaixo dos 20%, o valor preconizado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR).
A comunicação dos SMAS de Sintra foi apresentada por André Duarte, técnico superior do Departamento de Planeamento e Obras (DPO) – Eficiência de Sistemas, e elaborada ainda por Jorge Vilela (Diretor do DPO), António Carlota (Chefe da Divisão de Projetos) e Rute Parente (técnica superior do DPO-Eficiência de Sistemas).
Os resultados apresentados na comunicação, que deu nota de uma das principais estratégias de ação dos SMAS de Sintra, resultaram de vários fatores como “a identificação e eliminação de pontos críticos na rede, a remodelação contínua da rede de distribuição em fim de vida útil e com mau desempenho e a realização de campanhas sistemáticas e contínuas de deteção ativa de fugas e consequente reparação das mesmas”, segundo revelou André Duarte.
Para dar forma a este objetivo, em 2014, foi criada uma equipa técnica dedicada a este tema, designada por “Avaliação de Eficiência de Sistemas”, que, entre outras ações, promoveu a implementação de Zonas de Medição e Controlo (ZMC) e o desenvolvimento de software de recolha e análise de dados e produção dos indicadores de desempenho.
“Para além do trabalho de monitorização das redes, foi realizada uma forte aposta no trabalho de campo, que permitiu identificar expressivas fugas da rede e eliminá-las”, realçou André Duarte, dando conta que existem duas equipas de deteção de fugas, uma interna e outra externa, o que “permitiu detetar mais de 1.500 fugas não visíveis”.
Outro dos fatores que contribuiu para estes resultados foi o significativo investimento na remodelação das redes de abastecimento de água, em especial as que se encontravam em fim de vida e com registo de roturas, constituindo uma preocupação a utilização de materiais mais fiáveis. Uma das obras que mais contribuiu para a redução das perdas de água assentou na remodelação da principal conduta adutora ao concelho, a antiga conduta DN1000 em betão armado, com a construção de uma nova conduta em aço, DN1200 mm e DN 1000 mm, com cerca de nove km.
A redução das perdas de água foi, aliás, um dos principais destaques do stand dos SMAS de Sintra, que evidenciou, ainda, o forte investimento em curso na remodelação da rede de abastecimento de água. O Diretor Delegado, Carlos Vieira, enuncia as empreitadas a decorrerem no Algueirão, no montante de 3,5 milhões de euros; em Mem Martins com origem no reservatório de Ouressa (1,5 milhões de euros) e na Portela de Sintra (2 milhões de euros).
Criados em maio de 1946, a comemorar 75 anos, os SMAS de Sintra são a maior entidade municipal gestora ao nível do abastecimento de água, com mais de 190 mil clientes, servindo uma população de 385 mil habitantes, distribuídos por uma área de 320 km². Entre 2021 e 2025, os SMAS de Sintra vão investir mais de 80 milhões de euros na melhoria da gestão dos sistemas de abastecimento de água, saneamento e resíduos urbanos.