A participação dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra) no ENEG 2023, Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento, revelou-se como “muito positiva”, segundo o diretor delegado, Carlos Vieira, no balanço do evento que decorreu, entre 27 e 30 de novembro, no Multiusos de Gondomar. Promovido pela Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), o evento assumiu este ano, como tema central “Um Grito pela Água”, permitindo a reflexão sobre os principais desafios que se colocam ao setor.

A conquista dos dois primeiros lugares no âmbito do “Pipe Contest”, Campeonato Nacional de Montagem de Ramais em Carga, merece, naturalmente, o destaque maior no balanço final da presença dos SMAS de Sintra em mais uma edição do ENEG. Um resultado que o diretor delegado dos SMAS de Sintra classifica como “uma proeza fantástica” e que foi possível pelo “desempenho brilhante” das duas equipas constituídas pelo coordenador Marco Sousa e os operacionais Edgar Ferreira, Fábio Nunes e Nelson Silva (1.º lugar) e pelo coordenador Paulo Monteiro e os operacionais Tiago Aniceto, Telmo Leitão e Marco Martins (2.º lugar).

Assumindo um lugar de destaque na exposição do ENEG, que contou com 117 stands, os SMAS de Sintra aproveitaram o evento para evidenciar as estratégias em curso ao nível do abastecimento de água e do saneamento, em particular no domínio da eficiência dos sistemas, com vista à redução das perdas de água, mas também com o objetivo de incrementar o reaproveitamento de água residual tratada. Para Carlos Vieira, a presença dos SMAS de Sintra permitiu “dar a conhecer aquilo que consideramos que fazemos bem”, o que ficou patente nas comunicações que foram apresentadas: “A telemetria nos grandes clientes – Uma década de experiência”, “Gestão e manutenção de marcos de incêndio nos SMAS de Sintra”, “Museu da Água e Resíduos” e “Telegestão e a segurança de instalações”.

O diretor delegado dos SMAS de Sintra foi também orador na mesa redonda “A eficiência dos sistemas – Um objetivo essencial para o setor e para o país”, onde teve oportunidade de destacar o trajeto meritório da maior entidade gestora municipal na área do abastecimento de água, com mais de 195 mil clientes, que se traduziu na redução das perdas de água de 30,9% em 2014 para 17,7% em 2022, com um objetivo ambicioso de atingir os 15% no final de 2025. Para alcançar estes resultados, salientou este responsável, “foi necessário um reforço do investimento na renovação das infraestruturas mais antigas com maior índice de roturas, para além da requalificação e impermeabilização de reservatórios, mas também através do incremento da estratégia de deteção e localização de fugas não visíveis”.

Numa mesa redonda moderada por Poças Martins, secretário-geral do Conselho Nacional da Água e ex-secretário de Estado do Ambiente e do Consumidor, foram abordadas questões relevantes para o setor, nomeadamente a necessidade de dotar as entidades gestoras de meios para a realização de investimentos financeiros na melhoria dos sistemas. Uma solução pode passar pela agregação ou fusão, “porque ter entidades com menos de 10 mil clientes é económica e tecnicamente inviável”, mas Carlos Vieira alertou que, no momento da agregação, tem de ser assegurada uma adequada cobertura de custos. “A tarifa que cobramos aos clientes tem de permitir o retorno dos custos que temos na operação”, adverte este responsável.

“Faz sentido agregar entidades mais pequenas, mas, nesse processo de agregação, tem de ser efetuada uma análise às tarifas e assegurada uma adequada cobertura de custos, porque, caso contrário, significa, na prática, manter quase todos os problemas”, frisou ainda Carlos Vieira, para quem “perdas de água acima dos 40 e dos 50% não pode  continuar a acontecer”, em particular quando enfrentamos, cada vez mais, períodos críticos na disponibilização de água em função da significativa diminuição de precipitação.

A mesa redonda contou com a participação de Joaquim Sousa, professor do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra; Miguel Nunes, vogal do Conselho de Administração da ERSAR-Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos; e Rui Marreiros, presidente da Empresa Municipal de Água e Saneamento de Beja. Nas restantes mesas redondas, foram abordados temas como “A adaptação às novas diretivas europeias”, “O equilíbrio do atual subfinanciamento do setor”, “A afirmação do setor na sociedade civil” e “A Economia Circular no combate à ameaça das alterações climáticas”.

Para além da exposição dos mais recentes equipamentos, produtos e serviços relacionados com o abastecimento de água e saneamento, o ENEG 2023 contou, mais uma vez, com a entrega dos Prémios APDA-Tubos de Ouro 2023 que, pela 11.ª vez, distinguiram os melhores no âmbito do desenvolvimento sustentável, comunicação do valor da água, interação com o cliente e projeto de inovação e desenvolvimento da indústria. A entrega de prémios do “Pipe Contest” decorreu durante a mesma cerimónia, que teve lugar na Alfândega do Porto.

Atualizado a 04/12/2023