O Museu de História Natural de Sintra tem patente, até 24 de outubro, a exposição itinerante  “Ictiofauna nativa dos rios da Região Oeste”, um conjunto de painéis informativos desenvolvidos no âmbito do “Projeto Peixes Nativos”, uma iniciativa com uma forte componente de promoção da literacia ambiental em relação à conservação e preservação dos peixes nativos de água doce. A inauguração da exposição decorreu na passada sexta-feira, por ocasião do Dia Nacional da Água (1 de outubro) e tendo ainda o Dia Mundial dos Rios (26 de setembro) em pano de fundo, com a cerimónia a ser complementada pela apresentação do livro “Os meninos-do-rio”.

O “Projeto Peixes Nativos” contempla trabalhos de monitorização científica do estado dos peixes existentes nas bacias hidrográficas das ribeiras do oeste, com o objetivo de preservar os habitats ribeirinhos e a sua biodiversidade, para além da dinamização de atividades de sensibilização junto das escolas e das populações locais. O projeto pretende sensibilizar a comunidade em geral, mas em particular a educativa, para a importância deste património natural único, que se encontra em muitos casos em risco de extinção, que integra espécies endémicas como a Boga-portuguesa, Ruivaco-do-Oeste, Escalo-do-sul, Barbo-comum, Verdemã e Boga-de-boca-reta.

Coordenado pelo Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida-ISPA em parceria com a Águas do Tejo Atlântico, o projeto arrancou em 2017, com o Município de Sintra a aderir no ano letivo 2019-2020, com a monitorização da Ribeira de Cabrela e do Rio Jamor, através de três turmas do 4.º ano de escolaridade da EB1 de Faião, EB1 Mário Cunha Brito (Belas) e EB1 n.º 2 de Queluz. No corrente ano letivo, para além destas duas linhas de água, será monitorizado um troço da Ribeira de Colares, através de uma turma da EBI de Colares.

Para além do Município de Sintra, o projeto conta com o apoio institucional do MARE-Centro de Ciências Marinhas e Ambientais (MARE-ISPA), Aquário Vasco da Gama e Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas e já envolveu a  participação de mais de 750 alunos de escolas do 1.º Ciclo dos concelhos de Sintra, Mafra, Oeiras, Torres Vedras, Alenquer, Caldas da Rainha e Óbidos. Os mais jovens são convidados a ser “biólogos por um dia” , assumindo o papel de “guardiões dos rios”.

Para reforçar a sua divulgação, o projeto conta com uma mostra itinerante, que já passou por Torres Vedras, Óbidos e Caldas da Rainha e chega agora a Sintra, com o objetivo de dar a conhecer este importante grupo faunístico e sensibilizar os visitantes para a necessidade de implementar medidas que minimizem o seu atual risco de extinção. A apresentação da exposição em Sintra foi aproveitada, ainda, para a exibição de um vídeo de divulgação do projeto, com imagens recolhidas nas ribeiras do concelho pelo fotógrafo e videógrafo da natureza, Luís Ferreira. A ocasião serviu também para a apresentação do libro “Os meninos-do-rio”, uma edição com texto da bióloga Maria Pitta e ilustrações de Catarina França, que resulta de uma parceria com o Aquário Vasco da Gama.

A inauguração da exposição, que contou com a presença de alguns “guardiões dos rios”, contou com as intervenções de Maria Pitta (autora do livro “Os meninos-do-rio”); Hugo Chambre Pereira (administrador da Águas do Tejo Atlântico); Manuel Eduardo Santos (coordenador do polo de investigação MARE-ISPA e diretor da Escola de Biociências do ISPA); Francisco Teixeira (diretor do Departamento de Comunicação e Cidadania Ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente); José Manuel Alho (vice-presidente da Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo); Carla Sousa Santos, coordenadora do “Projeto Peixes Nativos”; e, em representação do Município de Sintra, Carlos Vieira (diretor delegado dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra).

Para além da rede a sul do concelho que drena para o sistema da Águas do Tejo Atlântico, os SMAS de Sintra têm contribuído para a melhoria da qualidade ambiental dos cursos de água do concelho e reduzindo, assim, algumas ameaças para os peixes nativos de água doce, através de um sistema assente em 17 estações de tratamento de águas residuais, 26 estações elevatórias e 1.020 km de coletores e emissários.

Atualizado a 04/10/2021