A realidade da recolha seletiva de biorresíduos no concelho de Sintra vai estar em destaque no 17.º Fórum Resíduos, que decorre a 27 e 28 de novembro, em Lisboa, no Centro de Congressos do LNEC-Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Promovido pelo Jornal Água&Ambiente, o evento vai reunir diversos especialistas do setor, divididos por 13 painéis, que abordarão as temáticas mais prementes que se colocam às entidades gestoras de resíduos.
Com a abertura a cargo de Hugo Pires, secretário de Estado do Ambiente, o Fórum Resíduos vai refletir, no primeiro dia, sobre “as metas municipais, planos de ação e prioridades de investimento no âmbito do PERSU 2030” e a “valorização energética dos resíduos: a oportunidade do biometano”, para além dos desafios que se colocam ao nível dos resíduos perigosos. Em destaque estará, ainda, a recolha seletiva de biorresíduos, em torno de experiências concretas e dados reais. No segundo dia, particular atenção concedida a novos fluxos, como os plásticos de uso único e a recolha seletiva de têxteis.
No painel dedicado à temática da valorização dos resíduos orgânicos, o diretor delegado dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra), Carlos Vieira, vai apresentar o Sistema de Recolha Seletiva de Biorresíduos que, desde o último trimestre de 2022, está implementado em todo o concelho de Sintra. Com moderação de Nuno Soares, presidente do Conselho de Administração da Tratolixo, e uma intervenção inicial de Ana Silveira, professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, serão apresentadas ainda as experiências de Matosinhos e Almada, através dos testemunhos, respetivamente, de Paulo Rodrigues (Chefe da Divisão de Ambiente) e Rui Carvalheira (Diretor Municipal).
Envolvendo atualmente 45 mil pessoas no setor doméstico, a valorização de resíduos orgânicos em Sintra é desenvolvida em regime de co-coleção, que consiste na recolha conjunta de duas ou mais frações de materiais, neste caso de indiferenciados e biorresíduos. Para o efeito, são cedidos gratuitamente pequenos contentores, com capacidade de 7 litros e sacos verdes, para deposição dos restos alimentares no contentor de resíduos indiferenciados. A separação dos biorresíduos, devidamente acondicionados nos sacos verdes, é efetuada na Tratolixo, através de um sistema de leitura ótica, permitindo o desvio do encaminhamento para aterro e a valorização destes resíduos para a produção de energia ou de composto para a fertilização de solos agrícolas.
Para o setor não doméstico, os SMAS de Sintra estão a adotar dois modelos: por um lado, em regime de co-coleção, para os estabelecimentos de restauração e similares, com a cedência de contentores e sacos verdes com capacidade de 20 litros, e, por outro, com recurso a um circuito exclusivo com recolha dedicada, destinado a grandes produtores de restos alimentares, como empresas de maior dimensão, estabelecimentos de ensino, mercados municipais e IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), em que é atribuída contentorização que varia dos 40 aos 660 litros.
A recolha junto destes grandes produtores é efetuada através de uma viatura específica, com capacidade de 15 metros cúbicos e equipada com sistema de lavagem e de elevação e basculamento de recolha, tendo sido adquirida no âmbito de uma candidatura ao POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), num investimento da ordem dos 250 mil euros.