O Projeto de Valorização e Reciclagem de Têxteis e Máscaras dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra) é um dos exemplos divulgados pelo ECO.NOMIA, um portal do Ministério do Ambiente que pretende divulgar as boas práticas em território nacional ao nível da Economia Circular. Assumindo-se como um espaço de partilha de conhecimentos, para instituições públicas, empresas e comunidade, o portal assume, como principal missão, a dinamização da Economia Circular, enquanto modelo económico em que os recursos (materiais, componentes, produtos e serviços) são geridos de modo a preservar o seu valor e utilidade pelo maior período de tempo possível.

Desenvolvido em parceria pelos SMAS de Sintra, Câmara Municipal (CMS) e To Be Green (Universidade do Minho), o Projeto de Valorização e Reciclagem de Têxteis e Máscaras está em curso numa área piloto que abrange a União das Freguesias de Agualva e Mira Sintra, Freguesia de Algueirão-Mem Martins, Freguesia de Rio de Mouro e União das Freguesias de Sintra, assumindo-se como uma solução inovadora de Economia Circular para dar uma nova vida aos resíduos têxteis. Ao implementar este projeto, o Município de Sintra está “a fechar o ciclo”, prevendo-se o seu alargamento a todo o concelho a partir de 2023.

Nesta primeira fase, a recolha de têxteis e máscaras de proteção está a ser concretizada nas várias instalações dos SMAS de Sintra e da CMS, bem como em juntas de freguesia, estabelecimentos escolares (2.º e 3.º Ciclo e Secundário) e algumas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), através da disponibilização de contentorização específica. Além do universo de trabalhadores do Município de Sintra e das juntas de freguesia, na ordem das 5 mil pessoas, o projeto envolve um total de 15.200 alunos de 16 escolas e os utentes de 2 IPSS de cada freguesia da área piloto, para além do Banco de Recursos da CMS.

O projeto visa responder, por um lado, ao problema do descarte/poluição de máscaras, resultante da pandemia de COVID-19, fomentando o seu encaminhamento para valorização e transformação. O polipropileno (plástico) extraído das máscaras é utilizado como matéria-prima para produzir novos produtos. A reciclagem de máscaras de proteção, sejam cirúrgicas ou de tecido, permite minimizar o impacto ambiental do seu uso e descarte, muitas vezes na via pública.

“Reduzir, Reutilizar e Reciclar” são, assim, as palavras-chave deste projeto que contribuirá, ainda, para a definição da atuação municipal a desenvolver no âmbito da implementação/execução da Estratégia de Intervenção na Gestão e Recolha Seletiva de Têxteis, tendo em conta a obrigatoriedade de recolha seletiva de têxteis até 2025, no sentido da redução da deposição em aterro ou encaminhamento para incineração e aumento dos níveis de reciclagem, sensibilizando, também.

Para além de contribuir para a sustentabilidade económica, social e ambiental, o projeto disponibiliza, a toda a população do concelho e após um processo de triagem (com avaliação do estado dos têxteis recolhidos), o vestuário em bom estado, através de uma “loja online”, suportada pela aplicação móvel (App) ToBeGreen. Caso não se pretenda integrar a rede de partilha da App, as peças podem ser depositadas nos contentores e o vestuário será destinado ao Banco de Recursos da CMS ou a uma IPSS. As peças de roupa que apresentem danos, serão encaminhadas para reciclagem e transformadas em novas fibras têxteis.

O projeto compreende, assim, a reciclagem e valorização dos resíduos têxteis, procurando responder a um problema que se coloca à escala planetária. Só em Portugal, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente, 200 mil toneladas de têxteis são, anualmente, deitados para o lixo. A indústria têxtil é uma das mais poluentes em toda a cadeia, desde a produção de algodão (a fibra natural mais consumida), passando pelo processamento industrial (com elevado consumo de água e de emissões de CO2), até ao momento da aquisição do vestuário. Para produzir uma t-shirt, por exemplo, são necessários 2.700 litros de água. Para umas calças de ganga, o consumo de água pode chegar aos 10.000 litros.

Atualizado a 21/11/2022