As exposições “Monstros Marinhos” e “Mar de Plástico”, no Espaço SMAS da Ribeira de Sintra, vão continuar patentes até ao próximo dia 15 de maio. Inauguradas em novembro e com o término inicialmente apontado para 27 de março, as duas exposições têm recebido muitos elogios por parte dos visitantes que demandam aquele espaço que, ainda este ano, vai acolher o Museu da Água e Resíduos.

Promovidas pelo CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto e pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra), com o apoio da Câmara Municipal de Sintra, as exposições “Monstros Marinhos” e “Mar de Plástico” pretendem alertar para o problema do lixo marinho e a necessidade de adoção de comportamentos ambientalmente responsáveis por parte da população.

A exposição “Monstros Marinhos” inclui trabalhos realizados pelo artista Ricardo Nicolau de Almeida com plásticos recolhidos, inclusivamente, nas zonas balneares do Parque Natural de Sintra-Cascais, desde o Guincho até à Ericeira, com particular incidência na Praia da Ursa (Cabo da Roca).

O artista começou por estudar design de comunicação e, depois de explorar a pintura ao longo de vários anos, dedica-se atualmente, em exclusivo, à exploração do plástico do Oceano como base para as suas esculturas e criações artísticas. “O plástico do mar é um material único, que andou à deriva, que pode ter vindo de outros continentes, do mundo inteiro, e tem marcas específicas por andar a bater nas rochas”, explica Ricardo a preferência por este material, que pode ter uma multiplicidade de origens e utilizações: “são objetos que usamos uma vez e deitamos fora até objetos que não se percebe como vão parar ao mar”.

Infelizmente, as marcas do Homem nos oceanos são, cada vez mais, negativas: estima-se que, todos os anos, vão parar ao Oceano mais de 8 milhões de toneladas de lixo plástico e que já lá tenham chegado mais de 150 milhões de toneladas até aos dias de hoje. O artista confirma, pela sua própria vivência, este “crescendo de poluição, em particular do plástico, que é um problema que envenena todo o ecossistema, desde as aves que comem o plástico e morrem com o estômago cheio, aos peixes, até à situação em que já bebemos e respiramos microplásticos”.

“Recolho esses materiais, com diferentes formas e cores, e disponho-os em jeito de instalações para mostrar as peças e as pessoas terem noção da quantidade e variedade do que aparece”, explica Ricardo Nicolau de Almeida, que compara aqueles módulos a “compor uma pintura”. Outras peças são “mais compostas, algumas até figurativas, em que se vão encandeando, quase como se fosse pinceladas, e criando esculturas de diferentes formas”.

“Mar de Plástico”, por outro lado, é constituída por painéis infográficos, áreas sensoriais, vídeos e objetos artísticos. Os visitantes são convidados a entrar na exposição através de um corredor de plástico, que permite percecionarem o efeito repressivo da acumulação de plástico no meio marinho.  Esta mostra, já exposta em mais de 20 localidades de Portugal Continental e Açores, recorre ainda a objetos de uso quotidiano, que foram recolhidos em ações de limpeza de praias, apresentados em forma de supermercado de plástico, onde a enorme diversidade de materiais estão etiquetados, não com as normais datas de validade, mas com o tempo de vida no mar, que pode atingir, em alguns casos, largas centenas ou milhares de anos.

“Estas duas mostras são uma combinação entre várias abordagens à volta do mesmo tema: o problema do plástico nos oceanos”, explica José Teixeira, comissário das exposições. Para além de materiais convencionais, estas mostras apresentam, assim, uma visão artística, da responsabilidade de Ricardo Nicolau de Almeida, “com utilização de materiais que apanha nas praias, tal como os encontra – não os transforma, não os pinta, não os parte – e retratam monstros marinhos, ‘novas espécies´ que estão a invadir os oceanos e a criar grandes problemas ambientais e à nossa própria saúde”. “Temos vindo a integrar a arte como forma de comunicação e, nesta intersecção entre a arte e a ciência, tentar que a mensagem científica seja passada de uma forma artística e que mexa com os sentimentos e as emoções das pessoas e essa mensagem ajude a transformar os nossos comportamentos para termos um oceano com menos plástico”, sublinha o também coordenador do Gabinete de Comunicação do CIIMAR e da campanha Ocean Action, um projeto com duas décadas que pretende contribuir para a literacia do oceano e sensibilizar para o impacto da poluição no mar.

Com entrada gratuita para os munícipes de Sintra, as exposições “Monstros Marinhos” e “Mar de Plástico”, que agora podem ser visitadas até 15 de Maio, constituem a primeira grande iniciativa do Espaço SMAS da Ribeira de Sintra que, ainda este ano, vai acolher o Museu da Água e Resíduos, que se assumirá como um polo de referência nas áreas da educação e sensibilização ambiental e da divulgação científico-tecnológica, no âmbito do ciclo urbano da água e dos resíduos.

 As exposições “Monstros Marinhos” e “Mar de Plástico” estão patentes até 15 de maio de 2022, de terça-feira a domingo (exceto feriados), das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

 

Espaço SMAS – Ribeira de Sintra

Rua Carlos de Oliveira Carvalho, n.º 9, Telefone: (+351) 219 247 730.

E-mail: reservas@smas-sintra.pt.

 

Tarifário:

€4 – Adulto;

€3 – Cartão Jovem / Estudante;

€3 – 4 aos 17 anos;

Grátis – Criança (até 3 anos inclusive);

€3 – Sénior:

€12 – Família (2 adultos e 2 crianças até aos 17 anos);

Grátis: Munícipes de Sintra.

Atualizado a 25/03/2022