Novos motivos para visitar o Espaço SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento) da Ribeira de Sintra: já foram inauguradas as exposições “Debaixo D’Água” e “Cuidado! Invasoras Aquáticas”. A inauguração teve lugar no sábado, dia 28 de janeiro, e assinalou a reabertura do polo museológico gerido pelos SMAS de Sintra, após a realização de obras já a pensar no futuro Museu da Água e Resíduos (MAR), que será concretizado no corrente ano.
Da autoria de Stephan.Arte, a exposição “Debaixo D’Água” é composta por um conjunto de pinturas, com recurso a técnicas de graffiti, que retratam a “Operação Recife”, que consistiu em “afundar”, entre 2001 e 2010, cerca de 2 500 carruagens do metropolitano de Nova Iorque e transformá-las em recifes artificiais com o objetivo de acolher diversas espécies marinhas. Para além de retratar esta iniciativa em prol da sustentabilidade do planeta, a mostra recria vários locais da Vila Património Mundial, incluindo o Palácio Nacional da Pena, culminando um suposto percurso subaquático nas águas atlânticas da Praia das Maçãs. “Cuidado! Invasoras Aquáticas”, por seu turno, é uma exposição desenvolvida pelo Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, com o apoio da Universidade de Évora, e que constitui uma atividade de divulgação científica do projeto LIFE INVASAQUA que tem por, principal objetivo, reduzir o impacto das espécies invasoras dos ecossistemas aquáticos de água doce e em estuários de Portugal e Espanha.
Para Carlos Vieira, diretor delegado dos SMAS de Sintra, a inauguração destas exposições é mais um passo na “revitalização deste espaço, antiga Oficina da Ciência e Centro de Ciência Viva, e que dará origem, até ao final do ano, à criação do Museu da Água e Resíduos, que será certamente um momento muito marcante para Sintra e, em particular, na área da Educação e Sensibilização Ambiental, fomentando o caminho que temos delineado ao nível da Economia Circular”. Após enaltecer a qualidade das duas exposições, a que se junta uma terceira com trabalhos de alunos de escolas e jardins de infância de Casal de Cambra sobre a temática do saneamento, Carlos Vieira deixou, ainda, o convite para os visitantes ficarem a conhecer, em primeira mão, o mural que está em execução na zona do “charco”, da autoria do artista Tiago Hacke, que vai retratar algumas espécies que existem naquele espaço.
Para além de telas sobre a “Operação Recife”, a exposição “Debaixo D’Água” apresenta uma série de locais emblemáticos da área classificada como Património da Humanidade, como se estivessem debaixo de água. Esta mostra, segundo o autor (natural de Rio de Mouro, concelho de Sintra), “cobre e percorre a paisagem cultural e urbana de Sintra. O seu itinerário é diversificado e, tendo o seu início num dos pontos mais altos da Serra de Sintra, leva-nos por diversos locais emblemáticos até ao culminar da nossa viagem no Oceano Atlântico”, frisou Stephan.Arte, que descreve o percurso que delineou: “desde o topo do histórico Palácio da Pena, atravessamos icónicas e conhecidas paragens como a Quinta da Regaleira e a Volta do Duche, o eclético Museu das Artes de Sintra”, até ao próprio Espaço SMAS da Ribeira de Sintra, com término na Praia das Maçãs.
Com conteúdos desenvolvidos pelo Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, com o apoio da Universidade de Évora, a exposição “Cuidado! Invasoras Aquáticas” conta também com a colaboração do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas. Para Ana Cristina Falcão, chefe de Divisão da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, a exposição agora inaugurada constitui “uma verdadeira lição de educação ambiental, apresentando uma fácil leitura, em particular para o público mais jovem”, sobre a ameaça que representam as espécies invasoras aquáticas para a biodiversidade marinha. Esta exposição, que já esteve patente no Centro de Interpretação do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (Porto Mós), sensibiliza, assim, o visitante para a importância do combate e controle das espécies invasoras aquáticas, quantificadas em mais de 300 e que anualmente causam prejuízos económicos na ordem dos 12 mil milhões de euros.
A inauguração da exposição (constituída por mais de 50 painéis e um jogo interativo) contou com uma visita guiada por parte de Pedro Anastácio, diretor do Departamento de Paisagem Ambiente e Ordenamento da Universidade de Évora, responsável pelo projeto LIFE INVASAQUA, que, para além da sensibilização para esta temática junto da comunidade em geral, pretende contribuir para a redução dos impactos ambientais, sociais, económicos e de saúde pública das espécies exóticas invasoras.
Patentes até 30 de maio, as exposições assinalam a reabertura do Espaço SMAS da Ribeira de Sintra, que esteve encerrado durante o mês de janeiro, para intervenções de conservação e de requalificação em termos tecnológicos, já a pensar na criação do Museu da Água e Resíduos (MAR). Recorde-se que a antiga garagem dos carros elétricos na Ribeira de Sintra, um edifício datado de 1901, passou para a gestão dos SMAS de Sintra em final de 2021 e, desde então, tem recebido um conjunto de exposições de arte ambiental, no âmbito do ciclo urbano da água e resíduos, antecipando a entrada em funcionamento do MAR: um espaço museológico que se pretende afirmar como uma referência nas áreas da educação e sensibilização ambiental e de divulgação científica e tecnológica, sensibilizando a comunidade para os valores da defesa do património ambiental.