“Debaixo D’Água” e “Cuidado! Invasoras Aquáticas” são as novas exposições do Espaço SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento) da Ribeira de Sintra, com inauguração agendada para este sábado, dia 28 de janeiro, pelas 15h00. Patentes até 30 de maio, “Debaixo D’Água” e “Cuidado! Invasoras Aquáticas” são exposições dominadas pela água, com uma forte aposta ao nível da educação e sensibilização ambiental.
Da autoria de Stephan.Arte, a exposição “Debaixo D’Água” é composta por um conjunto de pinturas, com recurso a técnicas de graffiti, que retratam a “Operação Recife”, que consistiu em “afundar”, entre 2001 e 2010, cerca de 2 500 carruagens do metropolitano de Nova Iorque e transformá-las em recifes artificiais com o objetivo de acolher diversas espécies marinhas. Para além de retratar esta iniciativa em prol da sustentabilidade do planeta, a exposição vai recriar vários locais da Vila Património Mundial, incluindo o Palácio Nacional da Pena, culminando um suposto percurso subaquático nas águas atlânticas da Praia das Maçãs. Em simultâneo, será inaugurada a mostra “Cuidado! Invasoras Aquáticas”, desenvolvida pelo Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, com o apoio da Universidade de Évora, e que constitui uma atividade de divulgação científica do projeto LIFE INVASAQUA que tem por, principal objetivo, reduzir o impacto das espécies invasoras dos ecossistemas aquáticos de água doce e em estuários de Portugal e Espanha.
Nascido em Rio de Mouro, Stephan.Arte estabeleceu, desde cedo, uma estreita ligação com o transporte ferroviário, o único meio de transporte que utilizava para se movimentar. Com 14 anos, em 1998, concebeu as suas primeiras obras em graffiti, num percurso criativo que, hoje em dia, assume como atividade principal, através da realização de diversos trabalhos para empresas privadas e entidades públicas. À procura de inspiração, viajou pela Europa e aprofundou a respetiva veia criativa. Nos últimos tempos, tem explorado um acontecimento ainda desconhecido para muitos, a “Operação Recife”, que, entre 2001 e 2010, consistiu em inutilizar 2.500 carruagens, que foram “despidas” e estrategicamente descartadas no Oceano Atlântico, com o objetivo de restaurar os recifes de corais que acolhem inúmeras espécies marítimas. Estas carruagens funcionam, autenticamente, como maternidade e abrigo para que algumas espécies ali possam nascer e prevalecer. Nas suas obras, Stephan.Arte deixa evidente a ironia em relação aos facto de vários pedaços de lixo industrial se terem transformado num gesto em prol da sustentabilidade do planeta.
Para além de duas dezenas de telas a retratarem a “Operação Recife”, a exposição vai apresentar uma série de locais emblemáticos da área classificada como Património da Humanidade, como se estivessem debaixo de água. “Como um maremoto artístico invertido”, esta exposição “cobre e percorre a paisagem cultural e urbana de Sintra. O seu itinerário é diversificado e, tendo o seu início num dos pontos mais altos da Serra de Sintra, leva-nos por diversos locais emblemáticos até ao culminar da nossa viagem no Oceano Atlântico”, frisa Stephan.Arte, que descreve o percurso que delineou: “desde o topo do histórico Palácio da Pena, atravessamos icónicas e conhecidas paragens como a Quinta da Regaleira e a Volta do Duche, o eclético Museu das Artes de Sintra”, até ao próprio Espaço SMAS da Ribeira de Sintra, futuro Museu da Água e Resíduos, “sem deixar de retratar as carruagens dos transportes ferroviários locais, imersos numa total invasão aquática, salpicada de cor e textura, que vai desaguar, tal como as maçãs dos pomares ao longo do rio, nas águas atlânticas do mar característico e reconfortante da Praia das Maçãs”.
Na mesma ocasião, será inaugurada a exposição “Cuidado! Invasoras Aquáticas”, desenvolvida pelo Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, com o apoio da Universidade de Évora, e que constitui uma atividade de divulgação científica do projeto LIFE INVASAQUA. Esta iniciativa europeia visa contribuir para reduzir o impacto das espécies invasoras nos ecossistemas aquáticos de água doce e em estuários de Portugal e Espanha, através de informação, formação e sensibilização, já que estas espécies representam, segundo a União Europeia, uma das principais ameaças à biodiversidade aquática, sendo um perigo para a fauna e flora autóctones da Península Ibérica por serem potencialmente transmissoras de doenças. Constituída por mais de 50 painéis e um jogo interativo, a exposição vai, assim, sensibilizar o visitante para a importância do combate e controle das espécies invasoras aquáticas, quantificadas em mais de 300 e que anualmente causam prejuízos económicos na ordem dos 12 mil milhões de euros.
Patentes até 30 de maio, as exposições assinalam a reabertura do Espaço SMAS da Ribeira de Sintra, que esteve encerrado durante o mês de janeiro, para intervenções de conservação e de requalificação em termos tecnológicos, já a pensar na criação do Museu da Água e Resíduos (MAR). Recorde-se que a antiga garagem dos carros elétricos na Ribeira de Sintra, um edifício datado de 1901, passou para a gestão dos SMAS de Sintra em final de 2021 e, desde então, tem recebido um conjunto de exposições de arte ambiental, no âmbito do ciclo urbano da água e resíduos, antecipando a entrada em funcionamento do MAR: um espaço museológico que se pretende afirmar como uma referência nas áreas da educação e sensibilização ambiental e de divulgação científica e tecnológica, sensibilizando a comunidade para os valores da defesa do património ambiental.