Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra) receberam, recentemente, a visita de uma delegação da Câmara de Loulé, no Algarve, que está a avaliar a criação de serviços municipalizados na área do abastecimento de água, saneamento e resíduos urbanos. Os responsáveis algarvios tiveram oportunidade de conhecer “por dentro” a realidade dos SMAS de Sintra e visitaram a unidade de telegestão e o laboratório. Uma visita que permitiu ficar a conhecer os contornos da maior entidade municipal na área da distribuição de água, que conta com cerca de 195 mil clientes, e que responde a uma população na ordem dos 385 mil habitantes, divididos por uma área territorial de 320 km2.
O Município de Loulé conta com três empresas municipais na área da gestão do espaço urbano e das infraestruturas públicas, a Infraquinta (para a Quinta do Lago), a Inframoura (Vilamoura) e a Infralobo (Vale de Lobos), com o restante área territorial do concelho, Loulé, Quarteira e Almancil, sob a esfera direta da autarquia local. Para avaliação das potencialidades e constrangimentos da implementação de serviços municipalizados, foi constituído um grupo de trabalho, que integra eleitos e dirigentes municipais, que está, assim, a reunir os “prós e os contras” em relação ao novo modelo de organização para dar resposta ao abastecimento de água, saneamento e recolha de resíduos.
A comitiva algarvia começou por assistir a uma apresentação da realidade dos SMAS de Sintra a cargo do diretor delegado Carlos Vieira, que desvendou alguns dos principais números da atividade dos serviços, criados em maio de 1946, e que contam com cerca de mil trabalhadores.
Na área do abastecimento de água, num sistema com mais de 1800 km de condutas, com 51 reservatórios e 35 estações de bombagem e uma estação de tratamento, os SMAS de Sintra estão empenhados em continuar a reduzir a água não faturada, atualmente nos 17,7%, mas em que já foi definido o objetivo de atingir os 15% em final de 2025. “Para alcançarmos estes números, quando em 2014 estávamos em cerca de 31%, apostámos na reabilitação de redes mais antigas, mas também na implementação de zonas de medição e controlo, que monitorizam os caudais e pressões, assim como os consumos e permitem identificar possíveis fugas que depois carecem de confirmação através do recurso a equipas específicas”, realçou Carlos Vieira, dando conta que, desde 2015, já foram detetadas mais de 2500 fugas não visíveis.
Para além do investimento em curso na área do saneamento, “para um melhor serviço à população e com preocupações ambientais”, Carlos Vieira enunciou a estratégia de aumentar o reaproveitamento da água residual tratada, reforçando o projeto EcoÁgua, que se encontra subjacente às empreitadas de requalificação das estações de tratamento de água residuais, como vai suceder em Almargem do Bispo, Azóia e Cavaleira, esta última com a intenção de canalizar a água residual tratada para a rega dos espaços verdes do Hospital de Proximidade de Sintra e do Parque Urbano da Cavaleira.
Nos resíduos urbanos, a par do investimento na melhoria da eficiência do sistema, inclusive com substituição de contentorização de equipamentos de superfície por enterrados, os SMAS de Sintra estão empenhados em aumentar a recolha seletiva, após os resultados encorajadores de crescimento na ordem dos 50% nas fileiras tradicionais, entre 2017 e 2022, com uma prioridade bem evidente ao nível do Sistema de Recolha Seletiva de Biorresíduos. Uma aposta que se traduz no facto de Sintra ser o primeiro município a expandir a recolha a todo o território concelhio, o que correu no início do último trimestre de 2022, e que compreende a atribuição de um desconto de 1€ na fatura de água e resíduos.
Após a apresentação dos indicadores de atividade, a comitiva algarvia deslocou-se às Instalações Oficinais e visitou a unidade de telegestão, que monitoriza o funcionamento das diferentes unidades do sistema de abastecimento de água e do saneamento, e o laboratório, que garante a qualidade da água distribuída na rede pública do concelho.
