A Praia das Maçãs (campo de jogos) vai ser palco, entre 26 e 29 de junho, do “Sintra Ocean & Surf Film Fest”, um evento que pretende mobilizar a comunidade para a preservação dos ecossistemas marinhos, através de uma programação multidisciplinar com destaque para o cinema, música, gastronomia e conversas em que o mar assumirá o papel principal. Promovido pela Hope Zones Foundation (HZF), sempre com o surf em pano de fundo, o evento conta com o apoio da Câmara Municipal de Sintra e dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra (SMAS de Sintra) e o envolvimento da Junta de Freguesia de Colares. Com entrada livre, o “Sintra Ocean & Surf Film Fest” pretende afirmar-se como uma iniciativa de referência em termos nacionais na área da cultura oceânica, entendida como a compreensão da influência dos oceanos nas nossas vidas e como as nossas atitudes e comportamentos influenciam esses recursos costeiros, oferecendo uma programação com filmes e documentários, música ao pôr do sol, pratos com sabor a mar e tertúlias em torno da sustentabilidade, educação ambiental e envolvimento comunitário.

O festival conta ainda com a apresentação de mostras artísticas, incluindo esculturas executadas com resíduos marinhos, exposição de fotografias e uma vasta panóplia de arte urbana, como forma de sensibilização e ativismo ambiental, dedicando ainda uma atenção particular ao espaço História e Memória, com uma exposição dedicada aos nadadores-salvadores de Sintra, através da apresentação de artefactos e testemunhos históricos sobre o salvamento marítimo no concelho. Sem descurar a oferta gastronómica com forte inspiração no oceano e nos sabores locais, o evento contempla ainda uma área de tendas informativas e produtos sustentáveis, com destaque para projetos e entidades dedicadas à proteção do ambiente marinho.

Este festival visa reforçar a ligação de Sintra ao mar e, em destaque, estará o projeto de criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário, em conjunto com Cascais e Mafra, e a criação do futuro Parque Ecológico entre a Praia Grande e a Adraga, projetos do município que têm por objetivo a proteção e valorização do património natural e ecológico da orla costeira do concelho. A abrir o evento, no dia 26, para além de um vídeo sobre a missão da HZF, será apresentado um documentário sobre a Expedição Oceano Azul, realizada a propósito do projeto de criação da área marinha protegida. O primeiro dia será marcado, ainda, por atividades de literacia ambiental por parte da Câmara Municipal.

Além de música ao vivo, o primeiro dia contempla, também, uma seleção de filmes do Save The Waves Film Festival, o único festival internacional de filmes sobre surf e meio ambiente, que vai apresentar filmes e documentários sobre surf e desportos aquáticos, viagens e aventura, conservação da natureza e clima de diversos pontos à escala planetária, como EUA (Califórnia), Sri Lanka, México, Groenlândia, Noroeste do Pacífico, Austrália e África do Sul.

Abrangendo um significativo leque de curtas metragens da Patagónia Films, como “Madre Mar”, da autoria da bióloga marinha Raquel Gaspar, cofundadora da ONG Ocean Alive, apostada em proteger e reflorestar o habitat das ervas marinhas da Reserva Natural do Estuário do Sado, o segundo dia fica marcado por “Mulheres do Mar”, que conta a poderosa história da profunda conexão entre as mulheres portuguesas que fizeram do oceano o seu modo de vida e como elas garantem a sua preservação.

Na tarde de sábado, entre outros, destaque para “A Ilha dos Gigantes”, um documentário produzido para a RTP que desvenda o mistério dos tubarões-baleia dos Açores. Após oito anos de investigação, o cameraman subaquático Nuno Sá e o investigador marinho Jorge Fontes dão conta da vivência da única população de tubarões-baleia da Europa na Ilha de Santa Maria.

A programação de sábado encerra em grande, a partir das 19h30, com o documentário “Maya and The Wave” que relata a história de Maya Gabeira, a primeira mulher a surfar uma onda gigante na Nazaré. Após um acidente quase fatal e três cirurgias à coluna, a surfista brasileira, conseguiu, cinco anos depois após quase ter perdido a vida, surfar uma onda com 22,4 metros, sendo distinguida mesmo no Livro Guiness dos Recordes. Este filme levou dez anos para ser produzido, com a cineasta Stephanie Johnes a acompanhar a resiliência de Maya, não só para enfrentar as ondas, mas também para vencer num mundo dominado pelos homens. Este filme é, também, uma forma de ativismo: quando superamos o medo na nossa jornada, inspiramos outros a enfrentarem os seus desafios. Esta é uma das principais mensagem do filme sobre Maya, embaixadora da Hope Zone Foundation.

Ainda num plano pessoal, no derradeiro dia do evento, referência para a curta metragem “Xino: Uma Causa com Fibra”, um documentário que acompanha a jornada de Xino, um ilustre reparador de pranchas de surf em Portugal, e Jéjé, um talentoso surfista de São Tomé e Príncipe, que embarcam numa viagem até São Tomé para realizar um workshop de reparação de pranchas, partilhando as suas experiências e conhecimento com a comunidade local de surfistas. Ao longo da viagem, o filme explora a amizade e os laços familiares entre Xino e Jéjé, ao mesmo tempo que evidência o contraste entre as suas culturas. Com poucos recursos, Xino revela múltiplas habilidades artísticas e criativas e ensina à comunidade local de surfistas como reparar e cuidar das suas pranchas.

Atualizado a 25/06/2025